Um vício de pensamento, leia-se, preguiça mental, ou então uma imaginação pouco ativa, cujo déficit advém de leituras parcas ou mal escolhidas de livros de ficção, é a causa de que uma parcela não insignificante de brasileiros tenha em mente um de dois tipos de escola, quando pensa em ensino de qualidade no Brasil.
Para se estudar nessas escolas, paga-se uma soma substantiva por mês e, assim, elas adquirem o status de superiores. No fim das contas, os dois tipos nem são tão diferentes assim, mas, pelo menos, parecem limpinhos e asseados. E isso parece ser muito importante; embora, por definição, uma escola tenha mais a ver com currículos, carga horária, regras e professores, do que com quantidade de pó em cima da mesa.
Chamaremos os tipos, na falta de nomes melhores, de 1) modelo globalista, e 2) modelo religioso.
Começaremos falando do modelo religioso. Esse modelo é, geralmente, a opção preferencial de pais mais conscienciosos em matéria de moral, e a idéia que preside a decisão por ele é a de que, em escolas religiosas, pelo menos, não se ensina ideologia de gênero, nem se incita os alunos a uma sexualidade precoce e desregrada.
Tirando o fato de que não adianta buscar esse tipo de escola se, nas festas dos filhos se permite que o funk seja a música predominante, resta dizer o seguinte sobre o ponto da sexualidade precoce: a educação sexual é mandatória, segundo as leis e diretrizes do MEC. Então, por asséptico e higiênico que seja o professor que bota a camisinha na banana para edificar a criançada, a questão, sutil ou não, do sexo precoce estará lá. Bem como a da ideologia de gênero. Pois, segundo as mesmas diretrizes do MEC, os professores devem “problematizar as questões relacionadas com a sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados”. Uma deixa dessas, para um professor esquerdista, é o que basta.
Seja como for, mesmo que surgissem escolas que, de alguma forma, conseguissem burlar o sistema e evitar esse tipo de ensino, chamado ‘educação sexual’, mantendo um nível moral alto, com ensino religioso e tudo direitinho, isso no máximo significaria que os alunos não se tornariam obsessivos por assuntos do baixo-ventre; que teriam uma preocupação maior com virtudes e com a vida do espírito. Mas ainda restaria a seguinte questão: e quanto aos professores para ensinar as matérias certas com apuro metodológico? E quanto ao currículo que realmente forneça uma formação sólida?
Falando em professores, esse é um problema geralmente negligenciado pelos pais ao avaliarem escolas. Porém, compreende-se, uma vez que ele é universal. E, por universal, referimo-nos ao fato de que todos – sim, todos – os professores brasileiros tiveram uma influência esmagadoramente revolucionária na sua formação. Destarte, os professores de escolas, sejam públicas, sejam privadas, são, ou comunistas tout court, ou socialistas levemente menos xiitas, ou pretensamente neutros mas ainda pendendo para a esquerda, ou, na melhor das hipóteses, até conservadores, porém com um formação paupérrima e, claro, enviesada para a esquerda. Os casos em que encontramos professores conservadores bem formados dentro de um colégio são tão raros, que podem ser relegados sem receio à condição de exceções à regra.
Por que é assim? Ora, pelo fato de que os centros produtores de docentes, conhecidos pelo nome de universidades (mas que o são só no nome mesmo), estão dominados pelos comunistas. Qualquer dúvida a respeito, basta ir atrás das notícias sobre as universidades brasileiras. Contudo, não se trata só dos professores. Os diretores de escolas religiosas também são, em larguíssima medida, influenciados pelo comunismo e pelo globalismo ambiental, “atmosférico”. Qualquer dúvida, basta ir atrás de suas opiniões.
Ou nem se vá tão longe. Uma rede de ensino gigante e com um colégio famosíssimo em Porto Alegre, em sua ‘Visão’ diz que “educa para a cidadania global”. Como se tal coisa existisse – a não ser na cabeça dos globalistas.
Assim sendo, e em suma, a idéia de que colégios religiosos constituam redomas à prova de influências teóricas e morais nefastas ou deturpadas, do ponto de vista de pais religiosos e/ou conservadores, é uma idéia bastante capenga. Se tal colégio ideal existe, de novo, ele é uma exceção a confirmar a regra.
E quanto ao que chamamos de colégios globalistas?
Bem, esses, como já dissemos, não se diferenciam muito dos religiosos; senão no fato de que aceitam sem dor as ideologias mais “progressistas” e da moda, como a de gênero, a do ecoterrorismo, a da igualdade de todas as tradições e por aí afora… Essas escolas são as chamadas ‘elitistas’, onde estudam os filhos de políticos e empresários, gente de classe média alta para cima. Essas escolas propõem-se a inculcar alguns preceitos morais coletivistas, bem assim o ‘respeito pelas diferenças’ – respeito esse que será disciplinado depois, pela mídia, a ser o respeito pelas diferenças permitidas.
Os dois modelos estão de acordo em que sua função precípua é preparar o aluno para o mercado de trabalho, e aqui muitos pais irão concordar com um sorriso complacente. Não perceberão que se trata de uma meta calculadamente reducionista. Meta, afinal, que é formar o perfeito “cidadãozinho” da Nova Ordem Mundial. E nisto, saibam ou não, gostem ou não, as escolas religiosas estão em perfeito acordo com as globalistas.
A conta por esse resultado que consideramos pobre, quando não perverso, é cara. Muitos pais, os mais conscienciosos, concordam em pagá-la apenas para pôr os filhos em um local distante dos centros distribuidores de drogas e da violência. E, no entanto, pensamos, já é hora de admitirmos que essa visão de mundo resignada com migalhas é terrível, tétrica. E que é hora de começarmos a buscar uma saída para ela.